terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

O que te move????

Uma viagem pela vida

Durante esses meus quarenta e tantos anos de vida sempre busquei algo mais. Na verdade, não sabia muito ao certo o que seria o "algo mais". Só achava que a vida não devia ser só: ganhar dinheiro para beber e esquecer no final de semana, rsrsrs.  

Às vésperas de completar 30 anos entrei na crise dos 30. Já estava em um cargo público, morava com uma pessoa, satisfazendo o conceito de família colocado pela sociedade tradicional,  tinha certa “estabilidade” e minha vida se resumia a: trabalho – casa – casa -  trabalho, no meio tinha mercado, academia, pagar boletos... Queria mais. A vida não podia ser só isso!

Procurei mudar de profissão já que o Direito, tão sonhado no passado, tinha perdido o brilho. Interessante que quando me questionava sobre o que era a justiça, a resposta era bem diferente daquela às vésperas do vestibular. O significado passou a ser vago, dependendo sempre do referencial.  

Quando decidida a mudar, servidora da UFPR, trabalhando no Departamento de Fisiologia, cursando Educação Física, eis que fui chamada em um concurso que havia prestado na Câmara Municipal de Curitiba. E olha o Direito me chamando novamente. Confesso que foi o valor financeiro do cargo no fim de carreira que me atraiu a dar nova chance para essa área, estando bem longe de ser uma paixão recolhida.  

Não entendia os motivos que me levavam a voltar, até viver muitos deles. Não foram tempos fáceis, mas digo uma coisa: a gente pode escolher crescer pelo amor ou pela dor. E claro, na postura de criança, sempre optamos pela dor.  

Só quando passei a entender como a política poderia me ajudar no crescimento espiritual é que o sofrimento passou a dar lugar ao amor. Não quer dizer de forma alguma que parei de sofrer, mas já podia ver beleza nas dificuldades. Achei que nunca fosse falar isso, mas hoje amo e honro a política na minha vida.

O principal marco de transformação se deu no momento mais crítico: votação do chamado “pacotaço”. Um pacote de medidas apresentadas pelo governo municipal em 2017 que restringiria muitos direitos dos servidores municipais, entre eles estava euzinha.

Participava da equipe que possibilitaria a votação destas medidas contra nós servidores. Foi só aí que comecei a entender conceitos que hoje aplico nas técnicas meditativas, dentre eles:

 O olhar do observador;

Parar e observar!

Apenas observar!

Eu não sou o que faço!

Trilhei um caminho de cursos para desenvolvimento pessoal, juntamente com técnicas e terapias que me ajudariam, cada dia mais, olhar para aquilo que engatilhava conflito, tomando consciência de qual é o meu papel perante a vida e, o que cada sintoma me apresenta sobre mim.

 De tudo que me foi vivido quero compartilhar o significado de trabalhar o lado profissional a partir da seguinte frase: “Trabalhar o lado profissional é se libertar do pecado original do outro criado pelo outro”.

Essa frase esteve presente lá no início da minha jornada em um atendimento de Body Talk com a Jana, pessoa que tenho muita gratidão e me acompanhou por anos. Hoje compreendo que nossas escolhas profissionais falam muito sobre nós, gostando ou não do que fazemos. O trabalho nos permite ganhar o sustento, nos mostra o marco de passagem para a fase adulta, nos obriga a nos relacionarmos com diversas pessoas semelhantes e muito diferentes de nós, nos faz trabalhar a aceitação, o respeito, a troca, a relação com o dinheiro, a relação com o mundo, a relação com pai e mãe.

Quando criança nos submetemos a uma família de origem, seja ela natural ou de adoção. Somos criados a partir de crenças e valores desta família. E qual a motivação para tanta submissão? Simples, a sobrevivência. Queremos pertencer para sobreviver.

Quando nos é dado todas as condições para ir em busca do próprio alimento, começa o processo de transformação.

Nossa primeira relação com o mundo na forma adulta, ainda está na criança, pois diz muito mais da nossa família do que de nós mesmos. Não sabemos muito ao certo como lidar com isso, até por não sabermos quem somos realmente. EScolho minha profissão a partir daquilo que me foi dado de experiência na infância, seja seguindo e honrando a profissão de um antepassado ou seja excluindo totalmente da vida.

A escolha da profissão é o menos relevante, pelo menos em um primeiro momento. Esteja onde estiver, como você vai lidar com as pessoas, com conflitos e com o dinheiro falará muito mais no processo de passagem para a fase adulta ou, na fase de “adulterar a infância”, como diz o Marcio Ribeiro, instrutor de Body Talk.

Meu maior desafio agora é instigar você a se questionar nesse caminho de consciência, que fui descobrir só após os 40 anos.  

Desejo uma bela jornada... boa viagem 

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